Passando despercebida, a gengivite terá grandes chances de evoluir para a periodontite. Caso isto ocorra, teremos o que chamamos de segundo estágio da doença periodontal. Certamente, nesta fase, já se detectam sequelas irreparáveis aos tecidos de proteção (gengiva) e sustentação (cemento, ligamento periodontal e osso alveolar) dos dentes, tornando o tratamento mais complicado, oneroso e invasivo.
Fatores que influenciam
Na periodontite, diferentemente do que ocorre na gengivite, tem-se conseguido comprovar íntima associação entre os componentes hereditários e a gravidade das lesões. Isso quer dizer que a resposta a inflamação pode variar em função da genética. Em ambas as situações, entretanto, placa bacteriana e tártaro operam como os grandes vilões. Ainda assim, destacam-se pelo menos outros seis fatores comuns capazes de potencializá-las:
- Certos medicamentos, incluindo anticoncepcionais;
- Alterações hormonais;
- Doenças sistêmicas (AIDS, leucemia, diabetes, entre outras);
- Tabagismo;
- Forças exageradas aplicadas sobre os dentes;
- Carência de vitaminas, sobretudo C e D.
Em condições normais, a distância da margem gengival ao redor dos dentes até a margem óssea subjacente gira em torno de 3mm. A periodontite, enfim, surge no exato momento em que esse número começa a aumentar. Na gengivite, essa distância se mantém mais ou menos constante, exceto quando da presença de hiperplasia (crescimento gengival).
Ao passar para o segundo estágio da doença periodontal, a situação se torna bem diferente. A destruição óssea que se segue, em resumo, dará origem a bolsas periodontais verdadeiras. Tais espaços aumentados entre a gengiva e o dente que surgem decorrentes da progressão da enfermidade, funcionarão como micro-cavernas. Estas, por sua vez, alojarão algumas dezenas de milhares de bactérias a mais em torno das coroas e raízes dentárias.
Sinais e sintomas
Como resultado, óbvio, tem-se a exacerbação dos sinais clínicos outrora vistos na gengivite. Além de gengiva inchada, sangrante, demasiadamente vermelha e, por vezes, gosto ruim na boca e mau hálito; mais frequentemente iremos observar: abscesso periodontal; mobilidade dentária e sensibilidade a variações térmicas devido, sobretudo, à recessão gengival e consequente exposição radicular. A dor é incomum e mais corriqueira na presença de edemas.
Vale salientar que a recessão ou retração gengival, quando ocorre, irá acompanhar a reabsorção óssea, mas não necessariamente na mesma velocidade (o que poderá ou não gerar bolsas periodontais). Esta situação resulta na exposição da raiz dentária. Nestes casos em especial, é possível que forças excessivas atuem de maneira isolada para causar o dano ou em associação com o processo inflamatório. Quando a perda óssea se dá na ausência de inflamação, temos uma sequela e não uma doença.
Embora haja variações entre pacientes, fato é que o processo tende a se perpetuar e progredir caso nada seja feito. O desfecho final não raramente culmina com a perda dos elementos dentários envolvidos.
Prevenção e tratamento
Ao ser diagnosticada, a intervenção profissional de forma sistemática e periódica torna-se imprescindível. Devem-se, dessa forma, adotar estratégias que visem, ao menos, retardar a sua evolução. Seguir uma sequência lógica, como a que veremos a seguir, é importantíssimo para a obtenção de resultados satisfatórios. O tratamento deve seguir basicamente estas três etapas:
- Primeiramente, com as radiografias em mãos, inicia-se a raspagem que poderá ser supra ou sub-gengival. A principal finalidade deste passo é a eliminação de todos e quaisquer agentes inflamatórios que possam vir a estar presentes. Esta intervenção poderá requerer ou não a abertura de um retalho para melhor acesso da área. Assim, se conhece a real situação de todos os dentes, indicando possíveis extrações, quando necessário.
- Em um segundo momento, atua-se, principalmente, sobre as forças, tornando os dentes mais resistentes a elas. Poderão estar indicados: terapia ortodôntica, contenção periodontal (para dentes com mobilidade), ajuste oclusal, placa miorrelaxante (para pacientes com bruxismo ou apertamento), reposição de dentes ausentes e confecção de novas restaurações quando necessário.
- Por último, alguns procedimentos estéticos poderão ser realizados, com a finalidade de minimizar a aparência das sequelas (ex: recobrimento de raízes expostas, entre outros). Orientações que reforcem sobre higiene oral, alimentação saudável, mudança de hábitos deletérios (ex: cigarro), bem como manutenções periodontais regulares 2 a 3 vezes ao ano são sempre muito bem vindas.
Considerações finais sobre a periodontite
Inúmeras pesquisas evidenciam a sua relação com o diabetes em uma mão de via dupla, ou seja, não apenas níveis aumentados de açúcar no sangue potencializam a doença periodontal, como também ela impede que os níveis glicêmicos sejam reduzidos. Assim como o diabetes; doenças cardiovasculares, infecções respiratórias, artrite reumatoide, partos prematuros e acidente vascular cerebral compõem apenas uma parte do rol de problemas que poderão advir da cavidade bucal.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter, de tal forma que ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como periodontista e implantodontista em Barbacena!