Extração de siso: do pré ao pós-operatório

extração de sisoA extração de siso apresenta, habitualmente, uma complexidade ímpar. Estes dentes, que correspondem aos terceiros molares, devido a  algumas peculiaridades, se diferenciam bastante dos demais.

Primeiramente, embora a cronologia de erupção ocorra por volta dos 21 anos de idade, não é incomum que surjam bem antes, bem depois, ou até mesmo nem cheguem a erupcionar. São em número de 4, sendo 2 na maxila e 2  na mandíbula, estando localizados na parte mais posterior das arcadas. Ademais; tamanho, forma e posição podem variar bastante, representando um verdadeiro desafio aos que ousam tentar removê-los.

Contudo, nem todas as pessoas possuem todos os germes dentários que os originam. Isso se deve ao processo de evolução humana que causou profundas transformações, ao longo do tempo, na anatomia craniana.

Mesmo quando aparentemente bem posicionados, eles podem acarretar uma série de transtornos bucais e até sistêmicos com comprometimento inclusive cardíaco. O motivo é que, não raramente, uma capa de gengiva encontra-se ao seu  redor, dificultando ou, por  vezes, impedindo completamente a sua higienização e, desta forma, perpetuando um processo infeccioso que pode gerar dor e desconforto  local (quadro denominado de pericoronarite) ou manter-se silencioso, sendo capaz de acometer outras regiões do corpo.

Também acredita-se que quando há falta de espaço para eles, dentes vizinhos possam sofrer apinhamento ou reabsorção radicular. Vale a pena lembrar ainda que a literatura faz menção a inúmeros casos de ocorrência de cistos e tumores provenientes destes dentes.

Pré-operatório da extração de siso

No pré-operatório, uma avaliação criteriosa sobre as reais condições de saúde do paciente precisa ser feita. Caso alterações sistêmicas relevantes para o ato  operatório estejam presentes, um risco cirúrgico deverá ser solicitado. O mesmo é obtido diretamente com o médico responsável ou através de um encaminhamento feito por nós.

Nesta fase, radiografias e, por vezes, tomografias computadorizadas são utilizadas para um melhor planejamento. As condições de acesso,  bem como o grau de abertura de boca devem ser previamente analisados. Alterações na ATM (articulação temporo-mandibular) podem  representar um grande empecilho caso a cirurgia se prolongue. Importantes estruturas anatômicas circundam estes dentes, o que exigirá  total atenção por parte do operador. São elas:

  • Para a extração de siso superior: ducto da glândula parótida e seio maxilar superior, que nada mais é do que uma cavidade situada no  interior do osso maxilar bilateralmente;
  • Para a extração de siso inferior: nervo mandibular inferior e nervo lingual. Ambos nervos sensitivos e não motores.

Trans-operatório da extração de siso

A extração dos sisos superiores geralmente é mais tranquila, pois o osso maxilar costuma oferecer bem menos resistência. Ao contrário dos  inferiores, frequentemente permanecem praticamente invisíveis até o momento de sua luxação e são bem mais facilmente anestesiados.

O uso de brocas é corriqueiro e tem como objetivo não só remover qualquer osso que possa impedir a sua saída, como também partir o  mesmo se necessário. Nesse momento, o cuidado precisa ser muito grande, a fim de que não ocorra laceração de mucosa e estruturas  nobres. É importantíssimo avisar ao paciente que evite solavancos súbitos.

Um bom sugador e um foco luminoso de qualidade ajudam a prevenir acidentes que, embora raros, não devem ser negligenciados. Lesão aos  nervos anteriormente mencionados, comunicação buco-sinusal, fratura de dentes vizinhos e mesmo de mandíbula estão entre as principais complicações passíveis de ocorrer no trans-operatório.

Pós-operatório da extração de siso

Os primeiros 5 dias são, sem dúvida alguma, os mais críticos. É durante este período que as infecções mais comumente se instalam, sendo  elas as maiores preocupações do pós-operatório. Caso apareçam, deverão ter prioridade total. Na imensa maioria das vezes, são rapidamente debeladas quando adequadamente tratadas, porém o descuido dos sinais que as evidenciam poderá trazer consequências graves. A  prescrição prévia de antibióticos não é consenso, tendo em vista que dependerá muito da intensidade do trauma e do tempo que durou o  procedimento. O bom senso do executor torna-se, nessa hora, fundamental.

Pequenos sangramentos, febre, inchaço, hematoma e dor são normais até um certo ponto. O ideal é que a evolução da cicatrização seja  acompanhada pelo dentista responsável. Esta atitude, aliás, irá garantir muito mais segurança para ambos, tanto o profissional quanto o paciente.

Em resumo, uma análise rigorosa precisa ser realizada por alguém experiente, com o propósito de se ponderar o custo/benefício da  intervenção, pois, embora não seja comum, não é impossível que o risco de removê-los se sobreponha ao de mantê-los, contra-indicando o ato.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter, de tal forma que ficarei muito feliz em responder  aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como periodontista e implantodontista em  Barbacena!

 

 

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Dr. Sérgio Caetano

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