O abscesso cerebral corresponde a uma área de supuração no interior do cérebro. É de ocorrência rara; contudo, muito grave e, por vezes, fatal. Infecções dentárias têm ocasionalmente sido relatadas como fonte de micro-organismos capazes de desencadear este quadro clínico. O caminho traçado pelos patógenos bucais rumo ao sistema nervoso central segue, em síntese, uma rota hematológica, linfática ou por extensão direta através dos planos fasciais.
Sintomas do abscesso cerebral
As manifestações do abscesso cerebral inicialmente não costumam ser muito claras. Sendo assim, resultam, não raramente, em um atraso no estabelecimento do diagnóstico. Fortes dores de cabeça são comuns em um abscesso cerebral, ocorrendo em 69% dos casos. Na maioria das vezes, está localizada no lado do abscesso e seu início pode ser gradual ou repentino. Além disso, não respondem bem ao uso de analgésicos comuns.
Mudanças no estado mental como confusão mental, sonolência, alterações do comportamento e coma são indicativos de inchaço cerebral grave e indicam mal prognóstico. O vômito geralmente se desenvolve em associação com o aumento da pressão intracraniana. A febre não é um indicador confiável do abscesso cerebral, uma vez que apenas metade dos pacientes têm esse sinal. A rigidez de nuca ocorre em 15 % dos pacientes. Com relação as convulsões, se desenvolvem em 25% dos casos e podem ser a primeira manifestação do problema.
Prevenção
O cuidado precoce com infecções primárias que levam ao abscesso cerebral ainda é a principal forma de prevenção. Dessa forma, alguns exemplos seriam: abscessos dentários, sinusites, otites, endocardites, entre outras. Essa prevenção, do mesmo modo, depende também da habilidade do profissional de saúde em identificar pacientes imunocomprometidos, extremamente mais susceptíveis, como: transplantados, portadores de HIV, usuários de drogas imunossupressoras, pacientes com câncer, etc.
Tratamento
O tratamento bem sucedido de um abscesso cerebral normalmente requer uma combinação de antibióticos e drenagem cirúrgica. O neurocirurgião precisa ser acionado no momento inicial do diagnóstico. Então, antibioticoterapia de amplo espectro é utilizada até a correta identificação dos agentes causadores. Quando se consegue o isolamento dos patógenos responsáveis pela cultura, recomenda-se que os regimes de tratamento com antibiótico sejam simplificados e direcionados para esses agentes. O uso da medicação deve ser feito por pelo menos quatro a oito semanas, de acordo com a evolução clínica e por estudos de imagem seriados.
Sugere-se também o uso de corticóide quando houver grande inchaço cerebral e alteração importante do estado de consciência. A mortalidade por abscesso cerebral gira em torno de 15%. As convulsões são as principais sequelas neurológicas, ocorrendo em 30 a 60 % dos pacientes. Eventualmente, tal condição leva a necessidade do uso de drogas anticonvulsivantes.
Conclusão
A proximidade anatômica dos elementos dentários com os seios paranasais e cérebro podem explicar, em parte, a maior probabilidade destes focos odontogênicos disseminarem, por contiguidade e/ou via hematogênica, para o parênquima cerebral. Além disso, deve-se considerar que a
placa bacteriana dental contém uma das maiores concentrações de micro-organismos do corpo humano, sendo a cavidade oral a porta de entrada ideal para que os mesmos tenham acesso à corrente sanguínea.
Estudos sugerem que procedimentos de
higiene bucal ou até mesmo a própria mastigação podem induzir a um quadro de bacteremia espontânea. Isso é especialmente válido para os que apresentam a cavidade oral muito infectada, a exemplo de
doença periodontal já instalada.
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periodontista e implantodontista em Barbacena.