O anti-séptico bucal é um dos itens mais usados para prevenção de problemas de saúde bucal. Contudo, você sabia que esse produto pode influenciar no aumento de sua pressão arterial?
Em nossa boca existem muitas bactérias que podem ser prejudiciais causando doenças, a exemplo da doença periodontal. Por outro lado, também temos bactérias orais que ajudam a converter o nitrato obtido na dieta alimentar em óxido nítrico e, por isso, são muito importantes para manter o equilíbrio da pressão arterial.
Porém, foi descoberto que uma substância chamada clorexidina, presente nos enxaguantes bucais, também pode matar as bactérias que são benéficas. Como elas deixam de estar presentes em nosso organismo, a pressão arterial sistólica pode aumentar.
O estudo em questão foi publicado no periódico especializado Frontiers in Cellular and Infection Microbiology. A seguir, vamos entender melhor esse tema. Continue a leitura e saiba mais!
Anti-séptico bucal e sua relação com a pressão arterial
Os pesquisadores realizaram a análise e o sequenciamento de um gene denominado 16S rRNA, com a finalidade de avaliar o uso de anti-séptico bucal com clorexidina em sua composição.
O estudo envolveu 26 pessoas que usaram enxaguantes duas vezes por dia, pelo período de uma semana. O monitoramento observou as comunidades de bactérias orais, assim como o acompanhamento dos níveis de pressão arterial.
Depois de uma semana nesse processo, todos os participantes voltaram às suas práticas de higiene bucal que, habitualmente, faziam no dia a dia.
Os pesquisadores recolheram amostras de saliva e também fizeram a raspagem da língua dos voluntários, assim como a medição da pressão arterial em quatro períodos diferentes no decorrer do estudo:
no início da pesquisa;
- após 7 dias;
- depois de 10 dias e;
- 14 dias depois.
Após analisar as amostras de saliva nos períodos citados, bem como fazer as comparações relativas aos níveis de pressão, os pesquisadores chegaram a conclusão de que o uso de anti-séptico bucal com clorexidina, duas vezes ao dia, foi associado a um significativo aumento da pressão arterial sistólica após uma semana de uso.
Importância da pesquisa
Uma vez demonstrado que a presença de bactérias produtoras de óxido de nitrato pode estabilizar a pressão arterial, é preciso voltar a atenção para aquilo que pode prejudicá-la.
Nesse sentido, há dois pontos que valem ser observados: primeiro, o anti-séptico bucal é um item usado por milhões de pessoas diariamente em todo o mundo e, segundo, o número de pessoas que são diagnosticadas com pressão alta tem crescido significativamente nas últimas décadas em vários países.
Outra consideração interessante trazida pelo estudo é que, em vários casos, os pacientes precisam de um ou mais medicamentos para manter a pressão sob controle, e nem sempre conseguem atingir o objetivo com eficiência, sendo que o enxaguante bucal pode ter relação com isso. Como nenhum dos medicamentos atuais para pressão alta considera ou é direcionado para a manutenção dessas bactérias importantes para manter a pressão arterial normal, esse é ponto que deverá ser trabalhado no futuro.
Todavia, os estudos existentes demonstraram que o anti-séptico bucal pode contribuir para o aumento da pressão arterial de uma pessoa em condições de repouso. Sendo assim, os próximos passos previstos pelos pesquisadores envolvem várias linhas de pesquisa, por exemplo, sobre como a composição das bactérias orais impacta pessoas com alto risco cardiovascular, ou ainda, se a prática de atividades físicas influencia de alguma forma a atividade das bactérias orais. A longo prazo, pesquisas nesse sentido podem melhorar as opções de tratamento da hipertensão e ajudarão a descobrir como cuidar melhor do nosso corpo a partir da atenção a saúde oral.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como periodontista e implantodontista em Barbacena!