A leucemia é um grupo de doenças malignas, complexas e diferentes entre si. Basicamente, entretanto, caracteriza-se pela produção excessiva e progressiva de leucócitos que surgem no sangue em formas imaturas. Afeta cerca de 13 em 100 mil pessoas todos os anos, sendo o tipo linfótico crônico o mais comum. A perda de função dos leucócitos frequentemente leva o paciente a óbito rapidamente caso nada seja feito.
Os primeiros sinais e sintomas ocorrem na boca; contudo, são mais comuns nas fases agudas. A etiologia da maioria das leucemias é incerta, mas alguns autores citam infecção viral, exposição à radiação ionizante e outros tipos de radiação eletromagnética, além de exposição química.
Manifestações orais da leucemia
Embora manifestações clínicas da leucemia possam ocorrer em todos os órgãos e tecidos irrigados e nutridos pela corrente sanguínea, as inúmeras complicações orais são classificadas em:
- primárias: resultam, em síntese, da infiltração de células malignas nas estruturas bucais.
- secundárias: associadas a uma diminuição expressiva de glóbulos brancos e plaquetas no sangue.
- terciárias: associadas à quimioterapia
A gengiva fica friável, sangra com facilidade e podem ocorrer infecções secundárias. Petéquias (pontos vermelhos) e ulceração da mucosa no palato, assoalho oral e língua também são frequentes. Há crescimento gengival exagerado (hiperplasia gengival), na maioria das vezes de modo generalizado, cobrindo completamente os dentes nos casos mais graves. Eventualmente, detecta-se necrose dos ligamentos e osso ao redor dos dentes.
A quimioterapia pode provocar complicações diretamente na mucosa oral, variando conforme a droga e o estado geral do paciente. Na imunossupressão severa, as drogas quimioterápicas podem levar o paciente a um quadro clínico de grande morbidade, ou até mesmo serem fatais. A diversidade das medicações utilizadas nos protocolos antineoplásicos leva ao aparecimento de variadas lesões orais, que vão desde mucosites (lesões semelhantes a aftas) à candidíase.
Tratamento
É recomendável a remoção de focos de infecção de origem dentária para se evitar bacteremias. É imprescindível estar atento ao hemograma, leucograma e demais exames realizados pelo paciente, a fim de acompanhar quadros de anemia. Atenção especial a procedimentos invasivos, complicados devido às hemorragias, e que poderão exigir transfusões com plaquetas.
Alguns autores recomendam terapia de controle estomatológico da mucosite com uso tópico de gluconato de clorexidina e laser de baixa intensidade. No tratamento da mucosite pode ser necessário o uso de anestésicos locais (lidocaína gel a 2%). Se interferir com o grau de nutrição, o paciente pode ser hospitalizado e incluída alimentação total parenteral. Escovas dentais podem traumatizar e ferir a boca, mas a higiene oral deve ser incentivada, a fim de evitar reinfecções. Orientar o paciente para abstenção de tabaco e álcool e usar frequentemente gelo ou bebidas geladas.
Conclusão
O cirurgião-dentista tem papel fundamental no diagnóstico precoce das leucemias, porque as primeiras manifestações da doença ocorrem na boca, e os pacientes geralmente o procuram acreditando serem problemas apenas de origem local.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter, de tal forma que ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como periodontista e implantodontista em Barbacena.